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Catadores de recicláveis de Rondônia fazem manifestação pública contra a queima de lixo no Estado
Cooperativas e associações de catadores de recicláveis de todo o Estado de Rondônia participaram da manifestação em Cacoal
Catadores de materiais recicláveis de Rondônia participaram de uma grande manifestação contra a queima de lixo, nesta quinta-feira (16, agosto), na cidade de Cacoal, na região central do Estado. O movimento reuniu 150 catadores num local estratégico, já que é no município que está instalada uma usina de incineração (ou carbonização) de resíduos sólidos urbanos – no distrito de Riozinho (12km de Cacoal).
Os trabalhadores fizeram caminhada em frente a Prefeitura de Cacoal, sede do Ministério Público e Câmara de Vereadores. Na pauta, o problema da queima de lixo, uma discussão que tomou conta de Rondônia, desde a instalação da usina em Riozinho.
Claro, afora as questões do meio ambiente e a saúde pública, os catadores de recicláveis reclamam dos prejuízos sociais que o empreendimento traz para a categoria. O catador Toni dos Santos, de 37 anos, que representa o Estado no Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), afirma que os impactos da carbonização do lixo em Rondônia podem ser imensos: “É o material reciclável que produz o carvão que a usina necessita, tanto para o seu funcionamento quanto para comércio (com cerâmicas, por exemplo)”.
Segundo Toni, a atividade da usina prejudica cerca de seis mil catadores de recicláveis no Estado. Dois mil são formais, cadastrados em associações ou cooperativas, e outros quatro mil estão na informalidade, por conta própria, na rua e em lixões.
Para o catador, que desenvolve seu trabalho no ‘Lixão da Vila Princesa’ – às margens da BR-364, em Porto Velho (Capital rondoniense), não há porque liberar a instalação e funcionamento de uma usina de carbonização em Rondônia. Toni lembra que a Lei 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) no Brasil, orienta que a incineração de lixo seria o último recurso, especialmente em localidades onde existem aterro sanitário e organizações de catadores.
“E isso é exatamente o que o Estado tem, atualmente, com seus aterros adequadamente instalados e catadores de recicláveis organizados em 22 empreendimentos solidários”, ressalta Toni.
Há oito anos trabalhando com reciclagem em Ariquemes (Leste de Rondônia), Maria Valentina da Silva, 57, participou das manifestações em Cacoal e acredita que a queima de lixo é “um futuro perdido”. Ela lamenta que projetos que representam um mal às pessoas e meio ambiente possam ser ‘pensados’ por empreendedores e liberados pelo poder público.
“Uma usina de carbonização como esta no Riozinho retira o sustento de muitas famílias no Estado, em especial de trabalhadores com menor capacidade de emprego no mercado”, avalia.
Presidente da Câmara de Vereadores de Cacoal, o vereador Paulo Roberto Duarte Bezerra – o Paulinho do Cinema, que recebeu os catadores na Casa de Leis, afirmou que é contra o funcionamento da usina de queima de lixo, “mais ainda do jeito que o projeto está”.
Paulinho visitou usina de carbonização que está em fase de testes no Estado do Rio Janeiro e voltou convencido de que a unidade de Cacoal (Riozinho) não tem condições de segurança para operar: “Não podemos liberar (um projeto) pra saber sé é bom. Temos que saber se é bom, pra liberar”.
Para o vereador, qualquer assunto relacionado ao lixo urbano deve respeitar a vida dos catadores de recicláveis. “Na Câmara, somos contra toda a atividade que não leva em conta a realidade dos catadores”, garante.
O vereador Claudemar Littig – popularmente conhecido como ‘Mão’ – também lamenta que o projeto da usina de carbonização não tenha sido objeto de audiências e debates públicos: “Como o empreendimento é privado, a Prefeitura de Cacoal se achou com autonomia para conceder a Licença de Manancial, por exemplo, sem consultar a Câmara de Vereadores, que representa os interesses da sociedade e comunidades”.
Marcos Rodrigues, presidente da Cooperativa de Catadores de Recicláveis (Coopercatar), em Cacoal, avaliou como positiva a manifestação dos catadores rondonienses. Para ele, manter o diálogo é fundamental para garantir a sobrevivência da categoria. “Inclusive estamos concluindo uma parceria entre a MFM Soluções Ambientais (empresa que opera aterros sanitários), a Prefeitura de Cacoal e nossa cooperativa para fazer a seleção de lixo na Central de Triagem do aterro local”, destaca.
Marcos estima que a Coopercatar deve realizar a reciclagem de 15 toneladas de resíduos por mês, num primeiro momento – somente do lixo urbano em Cacoal, que produz uma média de 60 toneladas de resíduos diários: “Para o futuro breve, podemos reciclar o dobro”.